terça-feira, 4 de julho de 2017

Doze técnicos, oito anos e apenas um título: São Paulo não consegue achar o caminho

Técnicos consagrados, nomes sem impacto, aposta do presidente, com perfil de valorizar a base, linha dura e estilo “paizão”. Desde 2008, quando o São Paulo conquistou o tricampeonato brasileiro com Muricy Ramalho, a diretoria já tentou todos os perfis possíveis para recolocar o time no caminho das conquistas. E, com exceção da Sul-Americana conquistada com Ney Franco em 2012, o que se viu foram enormes decepções. A última ocasionou a demissão de Rogério Ceni, dispensado após a derrota para o Flamengo, no último domingo.
Nem mesmo Muricy Ramalho, idolatrado até hoje pelos são-paulinos, obteve êxito no retorno. Dos 12 treinadores efetivos que trabalharam de 2009 até agora (foram 13 mudanças com as duas passagens de Ricardo Gomes), Muricy foi o que ficou mais tempo no cargo: um ano e sete meses. Depois de livrar o clube do rebaixamento em 2014, ele acabou deixando o time porque os resultados em campo não eram bons no início de 2015 e também por problemas de saúde.
A mudança dos técnicos no São Paulo começou em junho de 2009, quando Muricy foi demitido após a eliminação na Taça Libertadores. De maneira surpreendente, chegou Ricardo Gomes, uma aposta do então presidente Juvenal Juvêncio. A campanha foi boa. O Tricolor Paulista disputou até as últimas rodadas o título brasileiro e, em 2010, foi semifinalista do principal torneio sul-americano, sendo eliminado pelo Internacional.
Ricardo Gomes acabou dispensado mesmo assim, e Juvenal resolveu inovar com a efetivação do técnico do sub-20, Sérgio Baresi. A alegação era de que ele teria facilidade para trabalhar com a base e que era preciso sair da mesmice. O trabalho foi um fiasco, e Baresi acabou dispensado após 14 jogos, com aproveitamento de apenas 45%. Para seu lugar, chegou Paulo César Carpegiani, que voltava ao clube pela segunda vez.
Os números do treinador foram regulares (66% de aproveitamento). Só que os resultados não se converteram em títulos. No início do Campeonato Brasileiro de 2011, o São Paulo teve uma sequência de cinco vitórias nas cinco primeiras rodadas. No entanto, o time caiu de rendimento e, após três derrotas seguidas, foi demitido.
Um treinador dispensado depois de apenas 22 partidas deixa claro que foi um erro apostar na sua contratação. Adilson Batista foi outro que decepcionou e ficou apenas três meses no cargo.
Quando ele saiu, a diretoria então resolveu trazer um técnico linha dura, para dar um choque de comando nos atletas: chegou Emerson Leão. Diferentemente da primeira passagem, quando conquistou o título paulista de 2005, o trabalho não rendeu títulos. O desempenho até foi bom (63% de aproveitamento), mas ele se desentendeu com a diretoria depois que ela barrou o zagueiro Paulo Miranda sem o aval do treinador. Mais um adeus.
Novo técnico, novo perfil. Ney Franco, que fazia um ótimo trabalho na seleção brasileira sub-20, foi o escolhido como substituto. Embora tivesse feito o Tricolor Paulista acabar com o jejum de títulos com a conquista da Copa Sul-Americana de 2012, a passagem dele ficou marcada pelo fato de ter se desentendido com o então capitão e goleiro Rogério Ceni. Na ocasião, o camisa 1 foi repreendido publicamente pelo diretor de futebol Adalberto Baptista, demitido Juvenal Juvêncio.
Quando Ney Franco saiu, o presidente e seus comandados apostaram em um velho conhecido: Paulo Autuori, campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes da Fifa de 2005. Mas a passagem foi um fiasco. Com um elenco muito ruim, o técnico venceu apenas três de 17 partidas disputadas e entrou na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Com dois meses, ele foi demitido, e a diretoria chamou Muricy Ramalho para ser o salvador da pátria.
Muricy fez um ótimo trabalho, mantendo o São Paulo na Série A. No ano seguinte, com várias estrelas no time (Kaká, Alan Kardec, Pato, Luis Fabiano e Rogério Ceni), o time foi vice-campeão brasileiro e garantiu presença na Libertadores de 2015. Mas o time se perdeu em campo. O treinador, que também não estava com a saúde 100%, acabou saindo em comum acordo após uma derrota para o Botafogo, em Ribeirão Preto, pelo Campeonato Paulista.
A diretoria, na época comandada por Carlos Miguel Aidar, resolveu inovar e partiu atrás de um técnico estrangeiro. Após muita procura, fechou com o colombiano Juan Carlos Osorio. Foram apenas quatro meses de trabalho. Ele bateu de frente com a diretoria por causa das várias vendas ocorridas durante a janela de transferências. Quando surgiu uma proposta para assumir o comando da seleção do México, o treinador decidiu sair. Para a vaga, Aidar trouxe o técnico que ficou o menor tempo de todos no período: Doriva. Com sete partidas, quatro derrotas e a eliminação na Copa do Brasil para o Santos, ele durou apenas um mês.
Aidar renunciou ao cargo de presidente, Leco assumiu interinamente, e a diretoria voltou a apostar em um estrangeiro, com perfil bem diferente ao de Osorio. O escolhido foi Edgardo Bauza, bicampeão da Libertadores com LDU e San Lorenzo. O trabalho na competição sul-americana foi ótimo (chegou à semifinal), mas novamente a venda de vários atletas no período de negociações atrapalhou seu trabalho. Como havia ocorrido com o colombiano, ele trocou o São Paulo por uma seleção, a argentina.
Leco, então, trouxe Ricardo Gomes. Desde o início, o trabalho não empolgou. Tanto que foi demitido pela diretoria após apenas três meses e meio. Pintado dirigiu o time até o final do ano, enquanto a diretoria partiu para uma atitude totalmente radical: apostou no ídolo Rogério Ceni, que iniciava sua carreira de treinador no clube do coração somente um ano depois de se aposentar.
O trabalho não foi bom. Rogério Ceni acumulou muitos resultados negativos. Vieram as eliminações no Campeonato Paulista, na Copa do Brasil e na Copa Sul-Americana. No Campeonato Brasileiro, o time entrou na zona de rebaixamento com a derrota para o Flamengo. Para piorar, o treinador perdeu várias jogadores que foram negociados. Com medo da queda para Série B e tentando dar uma chacoalhada no elenco, a diretoria optou pela demissão do treinador. Resta agora saber quem será o novo escolhido.

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